Um jovem de 19 anos, Alex Santana Souza, 19 anos, que mora no bairro de Paripe, Subúrbio de Salvador, foi preso na semana passada após furtar livros e revistas de literatura científica e fantástica na Livraria Cultura, localizada no Shopping Salvador, na capital baiana. O rapaz confessou já ter roubado outros dez exemplares da mesma livraria antes. As medidas de repressão ao roubo foram imediatamente tomadas, o jovem foi conduzido para a Central de Flagrantes da Cadeira Pública da Mata Escura.
No país dos protestos, por hospitais, por saúde e contra a Copa, não se viu notícias de um único protesto a respeito desta prisão, afinal ler é o crime do filho do pobre conta o sistema burguês e indiferente em que vivemos.
Relembrando o título desta matéria, o Brasil está atualmente no ranking de educação mundial no quesito leitura na 410ª posição segundo dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês).
O que traz à luz esta prisão é o contraditório relacionamento que os governantes têm com a educação e a valorização do saber contra busca desenfreada de se construir presídios e casas para acolher menores infratores.
Se o mesmo empenho fosse aplicado na valorização profissional dos professores, na recuperação de escolas e na abertura de bibliotecas públicas nos bairros carentes; muito adiante se iria nessa peleja por saber. Não negando que investimentos na área da educação foram sim feitos, porém não suficientes para tirar as vendas dos olhos do povo e para levar o Brasil a uma colocação menos humilhante no ranking da PISA. Existe diferença entre investir e priorizar.
O jovem rapaz que roubou livros para sonhar com o mundo fantástico esteve ao lado de assassinos confessos, ladrões perigosos, traficantes, até que sua família pagou a fiança.
A classe dominante não tem interesse que se leia, que se saiba, o Big Brother Brasil já é o entretenimento de muitos e nada se busca, além de dar “uma espiadinha”.
Inclusive no referido reality, durante uma prova corriqueira, uma das perguntas feitas pelo apresentador Bial foi “Quem escreveu o clássico Dom Casmurro?”, na qual a participante Letícia não respondeu, por não saber e foi eliminada da prova. A moça não foi presa por isso!
Bom seria dar “espiadinhas” em autores, como Machado de Assis, Clarice Lispector e outros. Lispector tem a célebre frase: “Mude, mas comece devagar porque a direção é mais importante do que a velocidade”. Quem sabe não serve de inspiração para os nossos governantes? Tenho dito.
Fonte: Texto: Alana Nascimento/ Foto: Record