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CABORONGA, MACACOS, JACUS, RENOVA E ADEMILDO

Caboronga, ou “Serra Verde”, é uma reserva da mata atlântica, um verdadeiro Oásis dentro do semiárido brasileiro, o melhor do mundo, pois que é o único drenado para o Oceano Atlântico, enquanto que os semiáridos da África do Sul, Austrália e outros estão drenados para montanhas ou desertos.

Esta reserva em Ipirá milagrosamente resiste, bepa beleza e encanto, a todo desamor, descaso e à reprovável omissão da sociedade ipiraense, com as exceções de espíritos preservacionistas que encontramos em pessoas como: professor Eládio, Maristela, Rubens Cerqueira, Francisco de Sinésio, Puluca Pires, César Navarro, além de outros que, com certeza absoluta, são conhecidos dos já citados.

Foi o professor Almeida, querido amigo de infância e de vida acadêmica na nossa gloriosa UFBA, que chamou a minha atenção para a ameaça iminente da devastação completa – haja vista 80% desta reserva já se encontra em estado deplorável.

Nos últimos três anos, visitamos sempre no primeiro de maio, a fonte da Caboronga. Às vésperas de completar o quarto ano, subimos para não mais ver, daquela fonte, a água limpa, cristalina e mineral, cair.

A mesma que mitigou a sede da população de Ipirá por décadas. Ali subiam os heroicos ambientalistas, com alunos da rede pública – sacos de lixo às mãos, para, logo no início, ir fazendo o serviço que seria da limpeza pública – e ir catando o lixo deixado às margens de sua intransitável estrada.

Emoção à flor da pele, bebíamos a água, já descendo em um filete minúsculo. Discursos, poesias…, comprávamos as frutas inigualáveis, ricas em ácido abscísico que aas tornam doces e atrativas para os pássaros, vendidas ali mesmo em barraquinhas singelas montadas pelos caborongueiros.

Mas o doloroso e vergonhoso mesmo é constatar o descaso dos dois grupos políticos que, ao longo das últimas décadas, se alternaram no poder político municipal.

Nestes houve médicos, advogados, mas todos “analfabetos ecológicos” por falta de informação ou por pura e intencional omissão.

Eles subiam à Caboronga, segundo os caorongueiros, apenas à época das eleições. Findas as mesmas, desaparecia a Caboronga de suas preocupações administrativas.

Relegada ficava a Caboronga à escuridão em pleno século XXI, entregue ao tráfico de drogas, à violência, ao isolamento perversamente consentido, ao desmatamento sem fim…

Não é incrível que grupos políticos, com nomes de “macacos” e “jacus”, bichos que deveriam amar, cuidar e proteger a mata – relegaram a mesma a tamanha hecatombe ambiental, a dez minutos de carro de seus gabinetes refrigerados?

Trata-se de “miopia administrativa aguda grave” com este inestimável patrimônio ambiental de Ipirá. Mas como já nos ensinava Engel e Marx, esse processo de mudança é dialético, lento, mas, como o “espírito humano” é indomável, surge um grupo político novo – “o Renova” – e renova, em todos nós, as mais vivas esperanças de que surpresa é a chegada do amigo de infância Ademildo Almeida, médico gabaritado, inteligência a toda prova e estudioso dos problemas econômicos e sociais de Ipirá, e já começa a fazer acontecer: Feira do Couro, Tratores e Caçambas subindo a Caboronga, melhorando a sua intransitável estrada – e esta cena me tirou lágrimas dos olhos!

E já vem aí, em cinco de fevereiro, numa quarta feira, a reabertura do nosso Parque de Exposições, verdadeira riqueza e onde se pode mostrar as riquezas do abençoado campo de Ipira.

Note-se, apesar disso, o que nosso último alcaide, verdadeira tragédia político-administrativa para Ipirá – talvez só menor do que a tragédia dos últimos anos de dura e inexorável seca – nos deixou?

Ficou o nosso parque relegado, entregue ao mato, à erva daninha, como danosa foi sua gestão para todos nós produtores de nossa rica, linda, abençoada e abençoadora Ipirá.

“Ad mejora natus sum” (Nascemosm para coisas maiores)       

Fonte: Jolival Soares: Bioquímico, Metrando em Bioética – UMSA, Bacharelando em Direito – FAT e Professor de Bioética.

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